Por David Homsi e  Thiago Vilela Lemos, que é instrutor do método aqui no Brasil, e fisioterapeuta do triatleta Santiago Ascenço.

Desenvolvida pelo quiroprata Dr. Kenzi Kase em 1970, no Japão, a bandagem funcional auxilia no tratamento de dores e lesões musculares.

O artigo desta semana refere-se às fitas coloridas que muito vêm sendo utilizadas nas olimpíadas de Londres. Tenho ouvido muito sobre a sua utilização e suas funções. Cansei de ouvir nas transmissões esportivas: “fitas que são a moda nas quadras”, “fitas que tiram as dores dos atletas”, “fita adesiva colorida para ferimentos”, dentre outros.
Zhang Xi China kinesio taping (Foto: AFP)

É importante levar aos atletas a informação de que o método Kinesio Taping, ou bandagem funcional, não é milagroso, mas faz parte do tratamento de uma possível lesão ou até mesmo para relaxar ou contrair a musculatura, dependendo do motivo da utilização.

Para escrever este artigo convidei, o fisioterapeuta esportivo Thiago Vilela Lemos, que é instrutor do método aqui no Brasil, e fisioterapeuta do triatleta Santiago Ascenço.

O método kinesio taping foi criado pelo Dr. Kenzo Kase na década de 70, no Japão, com o objetivo de ser um tratamento auxiliar entre as suas sessões de quiropraxia. Depois de aplicar em diversas condições, percebeu o potente recurso terapêutico que havia criado.

Inicialmente, foi utilizado em clínicas de reabilitação em diversos países orientais e tomou proporções internacionais após as Olimpíadas de Seoul, em 1988. Logo em seguida, com a exposição da mídia, foi introduzido nos EUA e na Europa em 1995, e na década seguinte chegou ao Brasil. Nas Olimpíadas de Beijing, em 2008, mais de 200 atletas utilizaram a Kinesio Taping durante as competições. E agora, nas Olimpíadas de Londres, em quase todas as provas tem algum atleta utilizando essa bandagem.

Kinesio Taping é uma bandagem terapêutica que promove estímulos sensoriais e mecânicos duradouros e constantes na pele. Esta bandagem mantém a comunicação com os tecidos mais profundos, através de diversos receptores encontrados na epiderme, derme e outros tecidos sensoriais como o próprio músculo. Pode ser utilizada tanto na prevenção, no tratamento e na reabilitação das lesões. É um recurso terapêutico muito utilizado nas áreas esportiva, musculoesquelética, neurológica, pediátrica, geriátrica, reumatológica, entre outras. Existem ainda diversos profissionais veterinários utilizando a técnica em animais, descartando a teoria do efeito psicológico (placebo), que é sugerido por alguns estudos.

É importante diferenciar que a kinesio tape é a bandagem, enquanto Kinesio Taping é o método ou a técnica de aplicação dessa bandagem. O resultado e o sucesso terapêutico da mesma não está relacionado apenas ao material da bandagem, mas principalmente à avaliação, ao diagnóstico e, consequentemente, à aplicação específica. Dependendo do tecido envolvido (tendão, ligamento, músculos, inervações, etc), a tensão aplicada, o sentido e a posição corporal podem ser diferentes em cada caso. Portanto, a busca de um profissional que tenha a formação oficial no método Kinesio Taping é essencial para o sucesso e o resultado da aplicação.

No esporte, temos diversos atletas profissionais que já foram beneficiados pela Kinesio Taping, como David Beckham, Serena Williams, Lance Armstrong e Neymar. Quanto ao fato de especulações sobre a Kinesio Taping ter efeito placebo e psicológico apenas, seguem abaixo algumas conclusões de recentes trabalhos científicos publicados:

“Quando aplicado sobre o bíceps braquial, a Kinesio Taping aumentou o pico de torque concêntrico do cotovelo em uma população de participantes saudáveis, quando comparado com o grupo placebo” (Fratocchi, G. e colaboradores, 2012).

“Verificou-se em jogadores de badminton com dor no tendão de aquiles um aumento na amplitude de movimento ativa do tornozelo e uma redução da dor, seguida de diminuição na sensibilidade após aplicações repetidas de Kinesio Taping” (Jung-hoon Lee e Won-gyu Yoo, 2012).