A articulação do joelho contém dois ligamentos cruzados, que tem a função de impedir o movimento de translação anterior ou posterior da tíbia em relação ao fêmur. Eles se chamam cruzado, porque se cruzam no centro da articulação. Baseado no fato de que a maioria dos pacientes portadores de lesão do ligamento cruzado anterior necessita de reabilitação, e, sabendo-se que a fisioterapia tem atuado cada vez mais nesta área, é necessário que o profissional da fisioterapia saiba como atuar, auxiliando na reabilitação destes pacientes.
A articulação do joelho é considerada uma das maiores e mais complexas estruturas da anatomia humana. Sua articulação é do tipo gínglimo, que permite o movimento de flexão, extensão e um certo grau de rotação. A articulação do joelho é formada por três ossos: fêmur, tíbia e a patela (osso sesamóide). A última, por ser um osso sesamóide, permite movimentos diferentes dos outros, e as estruturas são cápsulas articulares, estruturas extracapsulares e intracapsulares e a membrana sinovial.
Os ligamentos cruzados foram descobertos por Galeno em 170 D.C., não tendo ainda sido descrita sua função. O primeiro registro sobre uma ruptura de ligamento cruzado foi em 1850. A descrição inicial da tríade de lesão do ligamento cruzado anterior, menisco medial e ligamento colateral medial, contribuiu desta maneira para um avanço no tratamento dos ligamentos cruzados.
O ligamento cruzado anterior mede aproximadamente 38mm de comprimento e 10 mm de largura, originando-se na face póstero – medial do côndilo femoral lateral, inserindo-se na interespinha da tíbia. A maior parte do seu suprimento sanguíneo é dado pela artéria genicular média e sua enervação é feita pelo nervo tibial.
Como ocorre a lesão do LCA – Inúmeros testes descritos relatam que o Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e osso são capazes de suportar um determinado peso antes da ruptura, sendo este valor para atividades que exijam esforços. Já em atividades normais é exposto apenas a 45Kg. Em adultos jovens o alongamento do LCA pode chegar até 25% do seu valor normal sem ruptura, tendo neste valor uma redução com o aumento da idade.
As lesões do LCA ocorrem geralmente por mecanismos onde o estresse no ligamento é grande, o suficiente para causar uma ruptura. As lesões podem ser parciais ou totais dependendo do movimento, força e alongamento. Seu trauma pode ser direto ou indireto. Quase sempre a lesão é dada por uma manobra de torção, e desaceleração súbita geralmente seguida de estalos e hemartroses (acúmulo de sangue) presente, dentro de poucas horas ou ainda a abdução com rotação externa e hiperextensão.
Outro mecanismo de lesão do LCA é quando o indivíduo fica com o pé no chão e promove uma força de rotação do joelho, ou seja, é ocasionado por uma hiperextensão, ou ainda, rotações com o pé fixo no chão, onde frequentemente são observadas lesões de ligamento colaterais e mediais, ambas envolvendo mecanismos de desaceleração do movimento.
Cirurgia: fazer ou não fazer?
Na maioria das vezes o LCA precisa de reconstrução cirúrgica. Ela é feita por artroscopia e o médico cirurgião utiliza como enxertos (novo tendão) o terço central do ligamento da patela, o tendão da musculatura isquiotibial ou aloenxertos.
A fisioterapia deve ser iniciada logo após a cirurgia, sendo somente encerrada na alta do paciente. Deve-se especificar os exercícios dependendo do tipo da lesão. É iniciada com imobilização pós-operatória, preservando esta por dois dias somente, sendo contraindicado o uso de apoio durante a imobilização. Logo após a retirada da imobilização é recomendado o uso de muletas até a recuperação completa da ADM articular.
Tempo total de recuperação pós-cirúrgica – O tempo de pós-operatório, para recuperação total do atleta, ou do individuo não atleta é o mesmo. Varia de seis a oito meses para retorno à sua atividade normal. Atualmente muito tem se falado em retorno mais cedo para o esporte, mas devemos sempre respeitar a anatomia e o tempo de recuperação do nosso corpo.