Para muitos, a procura por um tênis de corrida pode parecer simples. Basta dar uma olhada na vitrine, escolher a cor e o modelo que mais tem sua “cara” – embora ele vá vestir o pé – ver se a numeração está correta e perguntar para o vendedor se ele é leve. Certo? Não. Tudo errado.
O primeiro passo antes de colocar um calçado é saber qual o seu tipo de pé (calvo, normal ou plano) e de pisada (neutra, pronada ou supinada). “O objetivo maior do tênis é corrigir alguma falha”, explica o ortopedista Milton Mizumoto, diretor médico da Corpore Brasil. No entanto, poucas pessoas recebem orientação adequada na hora de comprar um tênis.
Marcas como Mizuno, Asics, Nike e Brooks já indicam em seu site os tênis ideais a partir destas informações. “Escolher o calçado adequado torna a corrida mais prazerosa – já que proporciona mais conforto – auxilia na prevenção de lesões e melhora a performance”, diz Ely Behar, responsável pela distribuição da Brooks no Brasil. A marca norte-americana, especializada em running, desembarcou há cinco meses no país.
Leveza
Ao contrário do que muitos pensam, os calçados de corrida mais leves geralmente agregam menos tecnologia e são indicados para atletas que priorizam velocidade. “Quem busca resultado tem que abrir mão do conforto. Não dá para ser leve e corrigir a pisada ao mesmo tempo”, explica Hebert Polizio, gerente da loja Fast Runner, em São Paulo.
Ninguém sai daqui calçado sem antes passar pelo teste da esteira”, diz Polizio. Na loja gerenciada por ele, o cliente tem seus passos filmados. As imagens, transmitidas em tempo real em uma televisão, permitem que os vendedores da loja – todos treinados em uma clínica especializada em medicina do esporte – descubram o tipo de pisada do comprador e possam, assim, indicar os melhores modelos de cada uma das sete marcas vendidas no estabelecimento. Um bom tênis de corrida custa entre R$ 300 e R$ 800. O preço é salgado, mas como diz o velho ditado “o barato pode sair caro”. Segundo o ortopedista Milton Mizumoto, podem ser graves as consequências para quem usa um tênis impróprio ou falsificado, como os que são vendidos em camelôs.
Os efeitos vão desde bolhas e perdas das unhas, a fraturas, tendinites e dores nas articulações do tornozelo e do joelho. “As funções básicas de um tênis são: amortecimento, absorção, leveza, fácil transpiração e proteção dos terrenos irregulares e de desvios de estruturas das pernas. O não cumprimento dessas funções pode acarretar em diversas lesões”, explica Mizumoto.
Quanto tempo dura um tênis
A durabilidade de um tênis é medida pelos quilômetros rodados, ou melhor, corridos. Em geral, ele perde a elasticidade e o amortecimento quando alcança de 500 a 800 quilômetros. Isso porque o desgaste depende de fatores como tipo de solo, peso do corredor e a qualidade do material.
“O corredor pode aumentar a durabilidade do tênis correndo em terrenos mais macios, como grama, areia ou terra”, sugere Mizumoto. Segundo ele, terrenos asfaltados podem encurtar a vida média do calçado.
Desaquecer antes de alongar
Não é só o uso de um tênis inadequado que expõe o atleta a riscos. Terrenos irregulares, esforço em excesso e falta de alongamento também podem deixá-lo susceptível a lesões e fraturas. Para prevení-las, como fisioterapeuta que sou, recomendo que 10% do treino sejam dedicados ao aquecimento, 70% ao treinamento; 10% ao desaquecimento e outros 10% ao alongamento. O atleta deve desaquecer antes de alongar porque a musculatura fica contraída.