Artigo Publicado no Jornal da Orla
Profissionais entrevistados:
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A expressão “qualidade de vida” virou lugar-comum nos dias de hoje e nela está intrínseca a necessidade de colocar o corpo em movimento, em qualquer idade. Seja nas academias de ginástica, nas peladas de fim de semana na areia da praia, nas caminhadas, pedaladas e corridas pela orla, a preocupação com a qualidade de vida e (tão ou mais até) em emagrecer para alcançar o padrão estético imposto no momento leva jovens, adultos e idosos a entrar em ação. Até aí tudo bem. Força, flexibilidade, equilíbrio e agilidade, tão fáceis de alcançar quando se é jovem, são capacidades funcionais que devem ser preservadas para o futuro e, garantem especialistas da área, quem se mantém ativo desde cedo enfrentará um déficit muito menor em sua reserva funcional lá na frente. A diminuição dessa reserva pode resultar em perda de massa óssea e muscular, aumento de gordura e desaceleração do metabolismo, entre outras conseqüências. A questão é saber se exercitar, para não ser vítima de lesões que podem, inclusive, afastar de vez a pessoa da atividade física e, aí sim, prejudicar sua qualidade de vida. Famoso por ter tratado personalidades como Ronaldo Fenômeno, Romário e Guga, entre outros, o atual fisioterapeuta do Santos FC (para onde veio a convite de Wanderley Luxemburgo), Nilton Petroni Vilardi, o Filé, adverte que é imprescindível uma avaliação médica antes de começar qualquer atividade física. “É o médico que vai analisar a parte laboratorial, cardíaca. Quem quiser levar o exercício a sério deve passar por uma avaliação multiprofissional, incluindo nutricionista e professor de educação física, para avaliar o porcentual de gordura, tipo de treinamento, tipo de atividade que tem aptidão. E sempre ter o acompanhamento de profissional capacitado em educação física”. Depois que foi para o Real Madrid, Robinho ganhou massa muscular com a prática de exercícios específicos, mas, segundo Filé, nem todo mundo tem esta condição. Porém, todos podem ganhar em qualidade da fibra, da força e da potência. “Até em uma caminhada pode-se estar ganhando lastro físico; acontece que muita gente se mantém em seu limiar basal, esquecendo que o coração é um músculo, precisa ser treinado. É preciso também saber como perder peso sem perder massa muscular”. O correto em academias de ginástica é exigir laudo médico do aluno, mas nas práticas ao ar livre, principalmente de finais de semana, o controle é prejudicado -e são esses praticantes os que mais sofrem lesões, garante Filé. “Atleta de fim de semana costuma torcer o joelho, tornozelo, ter problema na coluna, porque não fez trabalho muscular”. Em atletas profissionais têm sido bastante comuns as lesões de ligamento cruzado anterior, que é o mecanismo de rotação do joelho. “Hoje, o esporte tem muito mais velocidade, mais força, o grau de exigência é muito grande. Inclusive, atualmente não se fala mais em joelho, mas em complexo do joelho. Há uma grande evolução no tratamento, maior conhecimento, mas um joelho operado pode ficar melhor ou pior, igual não fica. Se ficar pior, é porque os procedimentos adotados não foram corretos”. Exercícios mal executados geram múltiplas lesões Segundo o fisioterapeuta André Souto Mendes, da Clínica Fisiomendes, qualquer exercício mal executado gera lesão. Até a caminhada, um ato simples do corpo, pode trazer problemas se a pessoa tiver um desarranjo postural, usar calçado inadequado ou pisar errado, descarregando o peso para uma das pernas. “Qualquer mudança da mobilidade da articulação vai gerar uma alteração ou acima ou abaixo da articulação com problema. Muita gente tem queixa de desconforto, mas mesmo assim insiste na caminhada. Primeiro é preciso se tratar”, orienta. Além disso, é preciso estar atento para a característica do pé na hora de comprar o tênis: “se é muito plano, o tênis tem que ter palmilha que apóie o arco do pé. O calçado tem que ser leve, maleável, mas que dê sustentação a todas as peças ósseas”. No atleta profissional, busca-se a palmilha adequada, de acordo com os estudos das pressões do pé no contato com o chão, de modo a evitar zonas de pressão. Quadros de tendinites, lesões musculares e nas articulações são as situações mais comuns entre praticantes mal orientados. Até a hidroginástica, afirma André Mendes, se mal feita pode piorar o quadro em pacientes com hérnia de disco ou artrose lombar. “Nas peladas na praia, as lesões mais comuns são de ligamento cruzado anterior e meniscos. Exercícios de agachamento, por exemplo, podem lesionar os meniscos, causar tendinite ou acelerar o desgaste das peças ósseas, resultando em uma artrose precoce”. Correr ou caminhar Caminhar descalço na beira d’água, muito comum em Santos, pode desencadear a formação de esporão do calcâneo, segundo o fisiterapeuta, devido à areia estar muito compactada, o que gera forte impacto na região do calcanhar. “O indicado é a faixa entre a areia fofa e a compactada. O tempo de duração depende da resistência de cada um”. Já a corrida é adequada para quem tem estrutura e biótipo para isto. “No mínimo é preciso pisar correto, ter o corpo alinhado e a descarga do peso de forma equilibrada. O tênis ajuda muito no amortecimento. Quanto mais rígido for o terreno, maior o desgaste das articulações”. André Mendes aconselha que exercícios com peso sejam feitos a partir dos 18 anos de idade, quando o crescimento se estabiliza, sempre com bom senso e sem exageros. A atividade com carga também é indicada para pessoas acima de 50 anos, “a perda de cálcio que ocorre com a idade reduz a força da massa óssea e a resposta muscular é menor. Inclusive o uso de carga é aconselhado para quem tem osteoporose. Só se tiver tão severa. Nesse caso, a indicação é piscina”. De toda forma, o fisioterapeuta lembra que é preciso respeitar o limite do corpo: “a fadiga é sinal que o corpo estressou, a dor é aviso que está sobrecarregado. Diante de algum tipo problema, o correto é procurar um especialista”. Segundo ele, para tudo há tratamento, o resultado irá depender do tamanho da lesão. Pan-americanos devem servir de alavanca Para Filé, os resultados positivos apresentados pelo Brasil nos Jogos Pan-americanos, que acontecem no Rio de Janeiro, devem servir para impulsionar os esportes no país, “mas para isto é preciso vontade política”. Filé entende que se deve aproveitar o momento para criar um projeto de esporte para o país, com a formatação de uma equipe multidisciplinar que pudesse começar em todas as grandes cidades a formatar um perfil de esportista, produzindo grandes atletas. A definição começa pela aptidão para determinada modalidade, mas também é preciso considerar coordenação motora, equilíbrio, força, as características fisiológicas e biomecânicas, a questão visual e outros fatores que interferem no desempenho”.
Potencial nós temos, e o Pan provou isto, enfatiza Filé. “A natação e a ginástica foram destaque porque houve grande investimento nestas modalidades, mas é inconcebível um atleta como o Diogo Silva, medalha de ouro no Taekwondo, não ter ajuda. O esporte é um fator de transformação, de integração social, e com o Pan temos uma chance de avançar. O Brasil é um país riquíssimo, com a quantidade de impostos que recolhe pode desenvolver um projeto para o esporte. Cuba é uma ilha é consegue ser um dos melhores do continente. É preciso reverter este processo em nosso país. Quantas Daines dos Santos têm por aí?”.
Lesões atingem milhares
Segundo David Homsi, especialista em fisioterapia esportiva e com formação em RPG, estima-se que no Brasil ocorram 1,7 milhão de casos de traumas no esporte por ano, considerando estatísticas de clínicas, prontos-atendimentos, clubes esportivos e hospitais. “Calcula-se em cerca de quatro milhões o número de corredores no país, entre profissionais e amadores”. David Homsi afirma que até 60% das lesões na corrida acontecem por erros de treinamento, como aumento súbito no treino, seja em tempo ou carga e até em velocidade. Outras estão relacionadas ao atleta com déficit de flexibilidade, desalinhamento de membros inferiores, altura, peso e lesões prévias.
Exercício e boa alimentação para uma velhice saudável
Com o avançar da idade, a falta de atividade física pode favorecer o aparecimento ou agravamento de algumas doenças, como osteoporose, artrite, doença coronariana, obesidade e outras que comprometem a qualidade de vida na velhice. “A prática regular de exercícios preserva a força muscular, melhora o apetite e o humor e ajuda a prevenir as quedas, que geralmente ocorrem nessa fase”, afirma a nutricionista Roberta dos Santos Silva, lembrando que a atividade física deve ser acompanhada de boa alimentação, principalmente nesta etapa da vida. “Em qualquer faixa etária é importante estar atento à variedade na hora das refeições. Com os idosos não é diferente, por isso é fundamental consumir todos os dias cereais, leguminosas, verduras, legumes, frutas, carnes, leite e derivados, assim distribuídos: 45 a 65% de carboidratos; 10 a 35% de proteínas; e de 20 a 35% de lipídios (gorduras)”. Acompanhe na tabela abaixo: Vitamina A: Segundo a nutricionista, as doenças cardiovasculares, diabetes, doenças gastrointestinais e outras comuns entre os idosos estão ligadas à falta de vitamina A, pois elas interferem na absorção, armazenamento, transformação e transporte deste nutriente no organismo. Fontes de vitamina A: leite integral, fígado, peixes, vegetais de cor verde-escuro, amarelo ou laranja e frutas. Beta caroteno: é um antioxidante que pode contribuir na prevenção de trombose e aterosclerose (placas de gordura na parede das artérias). Fontes: mamão, abóbora, manga, melão, cenoura, folhas verdes. Vitamina E: Combate a formação da aterosclerose, pois reduz o potencial de oxidação do colesterol LDL. Esta vitamina está presente no óleo vegetal, germe de trigo, cereais integrais, verduras e legumes verdes, sementes e frutas secas.
Vitamina D: Contribui na absorção do cálcio. Uma das fontes é o óleo de fígado de peixe.
Cálcio: Mantém os ossos saudáveis e ajuda no controle da osteoporose. Fontes: leite, queijo, iogurte etc.
Zinco: Ajuda a compensar a diminuição da imunidade. Fontes: carnes, fígado, leite, ovos, cereais, grãos etc.
Fibras: A constipação é uma queixa constante pelos idosos. Muitas vezes as fibras podem ajudar a resolver esta situação. Fontes: verduras, legumes, frutas, cereais como aveia, farelos, semente de linhaça, alimentos integrais etc.
Líquidos: Os idosos geralmente não sentem sede ou reduzem por conta própria a ingestão de líquidos, devido à incontinência urinária. Isso pode favorecer a constipação intestinal, desidratação e o aparecimento de problemas renais. É importante que a ingestão de líquidos (água, chá, sucos) seja de 6 a 8 copos por dia.
Síndrome Metabólica II: Apertando o cinto
Rubens Amaral
Agora que você já sabe que barriga é sinal de perigo e pode complicar sua qualidade de vida. Que essa gordura que você carrega para fora também está lá dentro prejudicando o funcionamento de seu pâncreas, de seu fígado, de seu coração e aumentando muito o risco de infarto e derrame. Você deve estar se perguntando como vou fazer para perder essa “barriguinha sapeca?”.
Em primeiro lugar, DECIDA: vou e quero ser mais feliz.
Em segundo lugar, ASSUMA: definitivamente o controle de sua saúde.
Em terceiro lugar, ACREDITE: que você pode fazer isso acontecer e já se imagine como você vai ficar melhor diminuindo seu manequim, sendo alvo de elogios, sentindo-se mais leve e ágil, podendo vestir aquela calça que você sempre quis, colocar aquela linda camisa ou blusa, passear na praia sem vergonha, enfim, fazer tudo com mais alegria e facilidade. Eu disse… tudo!
Em quarto lugar, TEMPO: você vai precisar dele. Se você quer perder barriga, você precisa ter mais tempo para comer. Incoerência? Não, muito pelo contrário.Você vai precisar parar e comer a cada duas horas mais ou menos. Ou seja, você vai ter que fazer cerca de seis refeições ao dia: Por exemplo: (1) café da manhã, (2) uma ou duas frutas no meio da manhã, (3) almoço, (4) outras frutas no meio da tarde, (5) jantar/lanche, (6) uma outra fruta antes de dormir. Você não pode sentir muita fome durante o dia. Se isto estiver acontecendo seu objetivo não vai ser atingido.
Em quinto lugar, DISPOSIÇÃO PARA MUDANÇA: você vai precisar reaprender a mastigar os alimentos, se é que alguma vez você o fez corretamente. Quer emagrecer? Então coma bem devagar. Mastigue os alimentos saboreando-os onde eles devem ser saboreados, na boca e não no estômago. Conte quantas vezes você mastiga uma garfada. Depois tente ir aumentando o número de mastigadas até atingir 32 vezes. Muito? Observe que as pessoas obesas não mastigam quase nada e isto é um dos motivos que as fazem engordar. E mais: não tome líquidos durante a refeição e quando você estiver se alimentando o faça em ambiente calmo e tranqüilo conversando sobre coisas agradáveis.
Em sexto lugar, COMA PARA VIVER E NÃO VIVA PARA COMER: Aprenda a se nutrir. Informe-se sobre o que seu organismo precisa para ser saudável e não o que seu estômago precisa para ficar cheio. E o que comer? Você deve basear sua nutrição em carnes magras, verduras, legumes e frutas, e, com parcimônia, ingerir carboidratos, massas, pães e doces. Devemos comer de tudo, mas pouco. Saia da mesa com fome e não fique empanturrado.
Em sétimo lugar, EXERCÍCIOS FÍSICOS: todos os dias de sua vida. Pratique exercícios de baixa intensidade e longa duração que sua barriga irá para o chão. Por exemplo, caminhar em passo rápido por uma hora, diariamente, ajuda muito.
Em oitavo lugar, EQUILÍBRIO EMOCIONAL: sem ele você não vai a lugar nenhum. Meditação, religião, amizades, amor, caridade e paz interior fazem a diferença. Sozinho, muitas vezes fica difícil. Se precisar e estiver realmente decidido (a) procure ajuda.
Em nono lugar, CONTROLE SEMANAL: aperte o cinto. A cada furo você vai diminuir o risco de um ataque cardíaco e aumentar a chance de ser mais saudável e feliz.
Em décimo lugar, DESISTIR JAMAIS: Você tem que estar preparado para admitir falhas, elas fazem parte do percurso, aliás, como dizia Mahatma Gandhi: “A alegria está na luta, na tentativa e no sofrimento envolvido, não na vitória propriamente dita”.
Um saudável e fraterno abraço.
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