Recuperação ativa: o esforço que faz a diferença
Até o início dos anos 90, quando um corredor fazia algum treino longo ou competição, ele tinha que realizar o descanso passivo, ou seja, após a competição o atleta não realizava nenhuma atividade física intensa, apenas descansava o corpo. Ao contrário do que se pregava no século passado, hoje é indicado que o atleta realize alguma atividade física após uma competição para ter uma melhor recuperação. Essa prática, já utilizada por muitos atletas profissionais, é chamada de recuperação ativa.
A técnica visa metabolizar o lactato e melhorar o desempenho do atleta. Durante a recuperação o corpo precisa restaurar as reservas de glicogênio e oxidar (retirar) os metabólitos – ácido lático que atua para inibir a contração muscular. Mas, para eliminar este ácido lático é preciso oxigenar os músculos e isso é possível com a prática de exercícios de baixa intensidade, entre 29% e 40% da capacidade pulmonar máxima (vo2). Qualquer exercício que aumente esta oxigenação ajuda neste processo: pedalar sem carga, trote leve, fazer alongamentos dinâmicos, deep-running (corrida na água) e exercícios funcionais.
Alguns outros cuidados também devem ser tomados para uma melhor recuperação, como por exemplo, uma boa orientação no treinamento, nutrição adequada, descanso e treinos funcionais. No mundo da medicina esportiva cada vez mais surgem estudos sobre os benefícios da recuperação ativa. Uma delas é a diminuição de lesão pós-treino, ou seja, a redução da dor muscular tardia (DMT).
A DMT surge entre os praticantes de corrida após um treino longo, mudança de treino ou até mesmo após as competições. O atleta reclama de uma dor, geralmente na panturrilha, na coxa anterior e posterior. Uma dor que pode incomodar até na hora de caminhar e descer escadas. Mesmo com repouso, alimentação e hidratação adequada a DMT geralmente aparece 24 horas após a atividade e pode se estender até 72 horas.
Esta dor é notada ao toque no músculo, na contração muscular e nos alongamentos. Em alguns casos estes sintomas podem perdurar por até 10 dias. Para diminuir os sintomas, a recuperação pode ser feita com as atividades citadas anteriormente e também com gelo aplicado no músculo durante 15 a 20 minutos de três a quatro vezes dia.
Uma vez não tratada a DMT, ou sem a realização de uma recuperação ativa, é possível o surgimento de lesão muscular mais grave, como por exemplo, contratura muscular. Esta ocorre após uma rápida contração da musculatura que gera dor local e não rompe as fibras. Mas, em alguns casos podem ocorrer até uma distensão muscular, rompimento das fibras. Em atletas de corrida a lesão é mais comum na panturrilha.